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Desvendando o boom dos cursos de veterinária no Brasil!

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) revelou que temos 536 cursos de medicina veterinária no Brasil, superando os 360 do restante do mundo.

Para se ter uma ideia, os Estados Unidos possuui 32 escolas de Medicina Veterinária, enquanto a Europa inteira reúne 95 e a China, 22.

Contudo, precisamos analisar esse cenário com atenção!

Uma vez que muitos cursos estão formando jovens que, frequentemente, não recebem preparação adequada para interagir com vidas animais e humanas.

Esse fator é crucial, dado o impacto significativo da medicina veterinária no bem-estar de seres vivos e do ambiente.

Excesso de cursos de veterinária no Brasil

O CFMV protocolou em março um pedido à Justiça, visando suspender a criação de novos cursos e vagas em sua área por, no mínimo, 5 anos.

Eles desejam que, nesse período, especialistas avaliem a qualidade dos cursos atuais e ajustem os marcos regulatórios, assegurando assim, a excelência do ensino superior.

De acordo com o CFMV, o Brasil já conta com um excesso de cursos e, ainda assim, instituições continuam abrindo novas vagas, frequentemente sem respeitar padrões mínimos de qualidade.

Além disso, um estudo conduzido pela Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária, vinculada ao CFMV, revela que dos 40 Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) de graduação em Medicina Veterinária que o MEC aprovou entre 2018 e 2021, nenhum cumpre as condições básicas para operar.

Embora a comissão tenha analisado os projetos de forma técnica e tenha emitido pareceres negativos, a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres/MEC) os autorizou.

Como resultado, esses cursos hoje estão ativos ou prestes a iniciar suas atividades.

Para contextualizar, o CFMV destaca que, atualmente, o Brasil possui impressionantes 536 escolas de medicina veterinária autorizadas, sendo 22 delas no formato Ensino a Distância (EaD).

Entretanto, se observarmos globalmente, existem somente 320 cursos superiores na área. Como comparação, os Estados Unidos contam com apenas 32 escolas, enquanto toda a Europa tem 95 e a China, 22.

O aumento expressivo no número de cursos de veterinária no Brasil

Em 1980, havia 32 cursos de Medicina Veterinária no país. Contudo, em 2015, esse número saltou para cerca de 200.

Esses dados vieram à tona graças a uma parceria entre o CFMV e o Ministério da Educação, por meio do Sistema de Regulação do Ensino Superior (e-MEC).

A comissão que conduziu o estudo também observou um padrão preocupante nos cursos: a maioria deles se concentra predominantemente em clínica e cirurgia de pequenos animais.

Dessa forma, os cursos têm formado, em sua essência, médicos veterinários focados em pets, negligenciando áreas vitais como saúde pública, bem-estar animal, Medicina Veterinária Legal, animais de produção e animais silvestres.

Pontos relevantes do estudo

Pertinência:

Especialistas avaliam a necessidade de lançar um novo curso na região proposta pelo projeto, levando em conta o mercado-alvo.

No contexto brasileiro, existem quase 54 mil profissionais registrados que não estão atuando.

Contudo, ainda não determinamos se essa inatividade resulta da saturação do mercado, da formação inadequada dos profissionais ou de ambas as situações.

Gestão:

Especialistas avaliam a coordenação, os colegiados e a organização do Núcleo Docente Estruturante (NDE), que formula o projeto pedagógico.

Contudo, das 40 propostas estudadas, nenhuma mencionou estrutura e funcionamento, desrespeitando a Resolução nº 1/2010 da Conaes/MEC.

Além disso, embora 38 propostas indicassem médicos-veterinários como coordenadores, 33 delas apresentavam carga horária compartilhada com docência em várias disciplinas, evidenciando a falta de profissionais.

Metodologia e inovação:

Focam nas competências e habilidades, particularmente em novas tecnologias, conforme as novas DCNs.

Contudo, alunos de EaD enfrentam desafios semelhantes aos de cursos noturnos e sofrem pela falta de contato diário com o ambiente escolar veterinário.

A presidente da CNEMV ressalta que a interação direta com animais e laboratórios é essencial para a formação de qualidade do futuro profissional.

Formação profissional:

Avalia a preparação dos estudantes, a competência do corpo docente e técnico e o perfil dos formadores.

No entanto, a comissão aponta que dos 40 cursos examinados, nenhum obteve avaliação positiva nem seguiu as novas DCNs.

Eles se concentram principalmente em clínica e cirurgia de pequenos animais, formando predominantemente médicos-veterinários de pets e negligenciando áreas cruciais, como saúde pública e Medicina Veterinária Legal.

Infraestrutura

Quanto à infraestrutura, as propostas não detalharam as necessidades para cumprir as DCNs, principalmente no que diz respeito ao espaço físico, instalações e acervo bibliotecário.

Corpo docente:

Dos 40 cursos analisados, 12 têm apenas cinco professores, enquanto somente dois contam com 21 docentes.

Em média, cada curso possui 10,1 professores e mais da metade (52,5%) tem dez ou menos.

Comparativamente, a Universidade Federal de Goiás, onde uma membro da comissão trabalha, dispõe de 65 professores para Medicina Veterinária e Zootecnia.